sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Poeminha

Hoje me peguei lendo poemas, o que há muito não fazia...comecei com Mário Quintana fui até Clarice Lispector, passando por Drummond e Manuel Bandeira. E me veio um ar de nostalgia inevitável. Lembrei da minha adolescência, do meu quarto, dos livros de poesia que não saiam do meu lado, das angústias e medos, das crises de choro, dos questionamentos, do desespero de me ver ali onde não queria estar... Mas também lembrei do alívio que sentia em ler, pois aquilo fazia com o que eu não me sentisse sozinha: alguém já teria sentido o mesmo em algum lugar. Lembrei do meu irmão, aparecendo na porta do meu quarto, num sábado de manhã, depois de um porre que eu tinha tomado na noite anterior com um livro na mão, lendo em voz alta "Convite Triste" do Drummond : "meu amigo vamos beber, vamos dizer que a vida é ruim... e depois vomitar e cair e dormir"; lembrei de como ler, para mim, era uma forma de oração; encontrava num poema, o que nunca encontrei num "pai nosso", numa "ave maria". "Salve rainha", então... essa nunca consegui nem decorar! Não dá pra se confortar com algo chamado "credo"! Enfim, por alguns instantes, enquanto lia novamente esses poemas que fizeram parte da minha vida adolescente, percebi que ainda tenho muitas daquelas angústias e medos e crises de choro, mas que hoje, pelo menos, tenho um poeminha ambulante que não me deixa esquecer que muitas coisas fazem sentido, que me faz levantar da cama todos os dias, que, felizmente, me tirou o direito de ficar deprimida, ou pelo menos de demonstrar qualquer tipo de tristeza e que me fez ver novamante que o mundo é cheio de poesia. E esse poeminha se chama Lara, tem dois anos e faz com que eu não me sinta mais sozinha. Depois que Lara nasceu, nunca mais passei um dia sem sorrir...

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